O mais triste em se esquecer das coisas que fizemos
Talvez não esteja nas grandes, mas nas pequenas.
Não se lembrar da canção preferida,
Ou dos amigos de que mais gostava.
Ser incapaz de saber a receita
Daquele jantar especial,
Aquela dança,
Aquele beijo.
Mas, ora veja,
o mundo sábio que é.
tendo dado tanta tristeza aos pequenos olvidados,
A seus descendentes soube passar as melhores alegrias.
O sorriso à toa por haver espirrado água da torneira,
A gargalhada já ingênua e desapegada de preocupações.
A gente que olha tão desconfiada pelas ruas da cidade.
E a visão de um mundo em que tudo é quase-inédito, curioso e sensível.
Não estou seguro da necessidade de começarmos a esquecer das coisas para aprendermos a aproveitá-las quando pequenas, e sermos sérios quando grandes. E então talvez possamos compreender melhor a alegria a que temos direito.