Conhecer você

O dia já se faz claro, trazendo a sensação do novo ciclo que se inicia. Meu olhar está cansado há certo tempo, porém há algo que se precisa dizer.

Conhecer uma pessoa talvez seja um dos grandes presentes da vida. Se não podemos viver e sentir tudo, se não podemos enfrentar nossas angústias e dores sozinhas, é nestes processos de conhecer que ampliamos nossos horizontes e nos fortalecemos — se estes processos são sinceros, evidentemente.

Há tantas pessoas, tantas interações sociais, mas muito disso não consegue nem mesmo arranhar a película que protege nossos corações dos (des)interesses e (des)amores alheios. Às vezes, criamos barreiras e papeis sociais para nos protegermos da vida, esquecendo que viver é um fluxo que depende de interações sinceras com o mundo e suas gentes. Mesmo que nos machuquemos, mesmo que nos decepcionemos, a vida só pode ser assim.

Caminante, no hay camino, se hace camino al andar“.

Não há o que se dizer de você, sem que se diga, necessariamente, da graça que a acompanha em tudo. Seus olhares, seus sorrisos, sua voz, suas ideias, tudo está assim envolto. E, como se fosse algo inevitável — talvez o seja –, encantei-me e me vou (re)encantando a cada momento, pensando de que forma os lugares por que passei também seriam por você encantados, e especulando se haverá lugares a serem encantados por nós.

Por isso é que, apesar de toda barreira, apesar de todo papel social, e apesar de todo desencanto com o mundo, eu queria saber, pouco a pouco — como quem rema cuidadosamente por um lago calmo –, de seus sonhos, frustrações, desejos, medos, planos, e passar a fazer parte de tudo isto, mesmo que unicamente como alguém que os ouviu. Saber da complexidade daquilo que forma este sorriso tão bonito, esta doçura tão persistente, esta força tão serena.

Tudo que eu queria, afinal, era conhecer você.

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