Entre o coletivo e o particular, a difícil escolha do ativismo

Pega no Meu Power

*resenha de Sobrevivendo de Amor de bell hooks disponível em http://arquivo.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questoes-de-genero/180-artigos-de-genero/4799-vivendo-de-amor

Em Sobrevivendo de Amor, bell hooks fala dos efeitos do racismo na auto estima do indivíduo negro.

Ela fala também das dificuldades em se construir enquanto sujeito espiritual e psiquicamente completo em uma sociedade racista a partir das experiências de falta de amor e de uma afetividade quebrada que exige do ser negro uma força e uma inteface social pronta para lidar coma violência e a solidão da experiência do racismo em todas as suas relações sociais.

Pensando nesse contexto analisando a militância, feminista, e negra especificamente, é possível perceber como as experiências de negação de amor, do racismo e de enfraquecimento coletivo tem permeado nossas relações com o fazer político. E como por vezes essas experiências tomam formas de discurso político perturbadoras, mesmo pensando em organizações políticas articuladas.

Uma dessas formas é a transição da necessidade coletiva de…

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Um cliché preso no corpo de uma metáfora

Via Katherine Cross (2010):

http://quinnae.com/2010/10/21/a-cliche-trapped-in-a-metaphor%E2%80%99s-body/

“Entretanto nós tivemos de inventar a palavra ‘cis’ e seus derivados [para o contexto de identidades de gênero], perceba. Isso foi necessário para que pudéssemos falar sobre nós e nossas experiências comparativas enquanto pessoas ‘diferentemente-generificadas’ de uma maneira tal que não nos inferiorizasse ou agredisse, nestas ocasiões. Para evitar uma dicotomia trans/normal que traz consigo uma tonelada de bagagem cultural.”

“Yet we had to invent the word “cis” and its derivatives, keep in mind. This was necessary in order to talk about us and our comparative experiences of differently-gendered people in such a way as to not undermine or degrade ourselves in the process. To avoid a dichotomy of trans/normal that brings with it a tonne of cultural baggage.”

Notas de aniversário (19-06-2015)

Saber que existimos e somos relevantes, de alguma forma, na vida, felicidade e lutas de outras pessoas é um sentimento muito valioso.

E, por isto mesmo, meu maior desejo neste novo ano é que saibamos expressar, cada vez melhor, nossas alegrias, confortos e fortalezas em podermos sentir nossas presenças entre nós.

Para que sejamos mais.
Mais abaixo, mais a esquerdas, em mais autonomias.

Queria escrever uma mensagem por conta de tantas boas mensagens recebidas, tantos afagos… acabaram-me saindo notas um pouco esparsas. Um abraço grande a todas as pessoas… ❤

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Ladeira Conceição da Praia - Salvador (BA)

Ladeira Conceição da Praia – Salvador (BA)

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De projetos, trabalhos, ideias:

Agradeço pela confiança das pessoas que têm compartilhado e se afetado, de alguma maneira, com meu trabalho e minhas ideias — são realizações sempre coletivas, conjuntas, por menos que notemos. Peço desculpas, também, pelas minhas insuficiências e desorganizações, em especial neste período recente: sinto que muitas coisas ainda estão sendo processadas por mim, especialmente no que se relaciona a este processo de ‘transição de gênero’. Pouco a pouco, vou me sentindo mais segura, e isso se deve à força de tantas pessoas… que eu consiga retribuir e ampliar estas forças adiante.

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De precariedades:

Que, verdadeiramente, re+conheçamos
que a definição do bom implica na definição do mau
e a do normal, do anormal.
E que compreendamos a multiplicidade de
caminhos, lutas, possibilidades.
Sem intersecionarmos nossas diversidades corporais,
sem reconhecermos e celebrarmos nossas im+possibilidades,
sem desconstruirmos os produtivismos e rankings,
Não caberão muitos mundos em nosso mundo.
Este não caber é demasiado doloroso, injusto.

‘Cos I’n’I no expect to be justified
by the laws of men – by the laws of men.
(Bob Marley – So much things to say)
https://www.youtube.com/watch?v=7iBZVCoGcn4#

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De diversidades:

=> desaprender, refazer as maneiras através das quais percebemos nossas corpas, e outras corpas.

=> que o se deixar afetar pelas diversidades seja tanto (1) um convite à autorreflexão quanto à compreensão crítica dos cistemas. Em aproximações e des+aprendizados afetivos, em diálogos, com perspectivas outras em suas formas de viver e compreensões, tentando imaginar outras configurações de poder e autonomia possíveis.

Precisamos reconhecer autonomias, autodefinições, autodeterminações econômicas e políticas.

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De reconhecimentos:

Fico feliz, maravilhada, e fortalecida quando me percebo querida, reconhecida e mesmo admirada por pessoas de tanta recíproca admiração e carinho meus. Em um mundo que jorra vergonha, escárnio e ódio contra corpos e gêneros inconformes a cisnormatividades, contra parte daquilo que somos — mulheres trans, travestis –, é uma alegria imensa sentir tantos carinhos e solidariedades.

Seguimos. Seguimos!

Se hoje implico meu corpo e minhas perspectivas de identidade de gênero em minhas escritas;
se hoje escrevo o que escrevo, com as aberturas e fluxos que saem de tudo que sou;
é porque me inspiro e sou, também,
viável somente na confluência de nossas marginalidades,
de nossas diferenças, de nossas solidariedades.

Seguimos. Seguimos!

Ainda percebo, com evidência, que as lutas
contra vergonhas e culpas internalizadas
contra sabotagens e silêncios contra si própria
seguem sendo necessárias.
Portanto: a grandeza e importância de nossos amores
seguem imensuráveis, seguem fontes de conhecimento,
seguem necessárias ao desmantelamento dos cistemas
Em nós e ao redor de nós.

Seguimos. Seguimos!

Que eu possa me expressar melhor, a cada dia,
nos amores que tenho comigo,
em pensamentos, presenças, carinhos.
Rexistências.
Gratidão por tantas forças, tantos bem-quereres.

I Can’t Tell You How to Love Trans Women

Black Millennials

By Michelle Jones

Most people don’t know how to love trans women. And to be perfectly clear, I don’t mean that in a harmless, innocent way. I don’t mean like awkward virgins fumbling around in the dark, or jaded young adults who don’t believe in romance. It’s not natural or incidental. Our world has a vested interest in perpetuating the notion that trans women are unlovable.

As much as I want to write an article on how to love trans women, I really can’t do that yet. Far too many of you don’t even know how to respect trans women. You don’t know how to treat us with basic courtesy. You don’t know how to see us as whole, finished human beings, deserving of dignity.

There are plenty of examples we can look at. In Ace Ventura: Pet Detective, when Jim Carrey finds out the woman who kissed him…

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Tears on a piece

How does one measure tears
involved in writing a piece
any academic work
any work, in fact,
as a trans person
a trans person in intersections
of privileges, languages, passports
and specific ways of dealing
with the existential discriminations
against our genders’ self-determinations.

Lombra libertária

Proclamar-se na ausência de todas condições necessárias para tal,
atos revolucionários como atos de amores impensáveis,
impossíveis.
E a proclamação, se vista como demasiado perigosa,
quando não neutralizada via patologia e invisibilização sociocultural,
pode levar a violências brutais.

Executam-nos por tantas ruas e por tantas pistas,
tantas delegacias, viaturas, clínicas e tantas famílias,
que se há de pensar no que fazer em resistências,
e haveremos de pensar em como executar estes pensamentos.

Em como viabilizar autoproclamações de autonomias:
nossas corpas, nossas identidades, nossas vidas,
contra todo auto de resistência conservador e genocida.

Nem reis, tampouco rainhas, mas pessoas autônomas em revoluções.
talvez os amores impossíveis,
impensáveis?,
sejam tudo do nada que temos.

‘standing low
challenge the king for the throne’
(Smile – Groundation – https://www.youtube.com/watch?v=NRb8BTscQfU)

Viado faz amor, Travesti só come bundas; Jean Wyllys e a hipersexualização das mulheres trans*

Sobre as recentes trapalhadas lamentáveis do deputado Jean Wyllys…

Gênero à Deriva

Essa semana rolou na internet/Facebook uma campanha veiculada pelo deputado Jean Wyllys que visava prevenção de DSTs através do uso da camisinha. Três vídeos e duas¹ tirinhas foram feitos em parceria com o famigerado grupo Fora do Eixo (chegaremos à questão do Fora do Eixo posteriormente).

O primeiro vídeo, protagonizado por – como nos é apresentado – dois homens cis gays, constrói uma narrativa prévia ao encontro de sexo casual arranjado via Whatsapp e, vale lembrar, o cenário onde se passa o vídeo é uma piscina. Os dois atores se beijam e, quando o que se sugere é que haverá sexo logo depois, um deles aparece com uma bebida junto com camisinhas.

O segundo vídeo, fruto do meu desafeto (assim como de muitas outras mulheres trans*), mostra um homem com roupa considerada socialmente como feminina e uma mulher trans* na porta de casa. O cenário do encontro, notem…

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You are oppressing us!

texto massa sobre dinâmicas de poder conservadoras em que ativismos trans podem se implicar e ter de enfrentar.

feministkilljoys

Those who are oppressed – who have to struggle to exist often by virtue of being a member of a group – are often judged as the oppressors. We only have to turn the pages of feminist history to know this. When lesbians demanded entry into feminist spaces, we were called a “lavender menace.” We got in the way of the project of making feminism more acceptable. To be rendered unacceptable is often to be treated as the ones with the power (the power to take something away). I recently heard a heterosexual feminist speak of lesbians in feminism in exactly these terms: as wielding all the power. When black women and women of colour spoke of racism in feminism we were heard, we are heard, as angry, mean and spiteful, as hurting white women’s feelings. The angry woman of colour is not only a feminist killjoy she is often…

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